domingo, março 28, 2010

Estou ficando Velho

Houve um tempo, em que quando os filhos chegavam perto dos pais esses lhes pediam a benção, chamava-os de senhor e senhora.


Houve um tempo, em que as pessoas pediam licença, desculpas, por favor. E o mais interessante é que, quando alguém deixava de ter este tipo de comportamento, essa pessoa era considerada mau educada, sem respeito, e este era considerado um comportamento estranho.


Outro dia mesmo encontrei meu “veinho” na rua e dei-lhe um beijo, pedi sua benção e cumprimentei um amigo dele. Ele me apresentou ao seu amigo e o mesmo disse: “Nossa! Seu filho ainda te pede a benção”?


Conversando com uma amiga falávamos de como o que era considerado um mau comportamento no passado, agora é comum e o que era absolutamente normal, virou motivo de espanto.


Pedir desculpas, licença, dizer obrigado, pedir a benção, chamar os pais e os mais velhos de senhor e senhora, é coisa de gente careta, gente velha, gente do passado e o mais estranho; é que isto assusta as pessoas.


Hoje vivemos num mundo onde filhos batem, matam, espulsam de casa seus próprios pais e os mandam “tomar ou irem” a lugares que não dá nem para colocá-los aqui de tão absurdos.


Hoje filhos se referem aos pais como se estivessem falando com um coleguinha da escola ou do trabalho, chamando-os e tratando-os da maneira mais desrespeitosa. Hoje vivemos num tempo onde as pessoas não querem serem chamadas de senhor ou senhora, pois esta expressão remete a um pensamento de velhos e imprestáveis.


O quê aconteceu comigo? Estou ficando velho; é isto, faço parte de uma geração do século passado, faço parte de uma geração que ainda sem entender muito bem viu o nascimento da democracia nesta amada pátria mãe gentil.


Ah! A tão desejada democracia, o direito de se expressar, o direito de reivindicar, o direito, o direito, o direito...


Mas parece que na democracia não há deveres, tenho a impressão que nesta democracia é mais ou menos assim: “Meus direitos como trabalhador, meus direitos como filho, meus direitos como cidadão, meus direitos...


“Por favor, não pensem que sou a favor da ditadura; peço a Deus que nunca mais passemos por isto novamente, embora possa me considerar um privilegiado pois aos meus nove anos já estava começando a desfrutar da tão desejada Democracia”.


Sou a favor dos bons tempos, sou a favor de um tempo onde assentos não precisavam ser reservados para idosos, gestantes, deficientes. Os homens davam lugar somente pelo prazer de serem gentis e ganhar um lindo sorriso da moçinha elegante.


Tempos em que o “bom malandro” acompanhava a dama com elegância e charme. Tempos em que os heróis dos filhos eram os pais, e não o vagabundo correndo da polícia, tempos em que namorar, era ficar em casa assisntindo a um “filminho” na tv e comendo pipoca, e na hora de ir embora a sensação era a mais sublime das emoções, e na retina o que ficava gravado era aquele olhar da amada ou do amado dizendo em silêncio: 


“Este foi o dia mais feliz da minha vida”.


Desculpem-me isto é mesmo coisa de gente velha.

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